Cisco potenciou “inteligência” da Expo Milão 2015

“Alimentar o Planeta, Energia para a Vida” foi o título da Expo Milano, a edição italiana da exposição mundial que desde 1 de Maio até à passada semana ocupou uma área de 110 hectares. O recinto de exposições, que abrange os municípios de Rho e Pero, a noroeste de Milão, expôs ao mundo 144 países, além de uma série de importantes organismos internacionais. Mas não é a primeira vez que a capital lombarda se mete em tamanha “alhada”: já em 1906 Milão foi a sede da Exposição Internacional dedicada ao tema dos Transportes. A uma distância de 109 anos, Milão – depois de superar outra candidata finalista, Smirne, uma cidade na Turquia Centro-Oeste – voltou à arena internacional. E a Cisco ajudou. Não só no fornecimento de produtos e know-how como ajudou a desenhar a arquitetura do local por forma a que uma verdadeira cidade digital pudesse ser erigida.

Como fazer uma cidade inteligente

Smart city, ou cidade inteligente. Hoje, só ouvimos falar disso. E a questão é que, muitas vezes, não sabemos exatamente o que isso quer dizer ou, pelo menos, qual o real impacto que uma cidade dita inteligente e digital pode ter na nossa vida. A Expo Milão 2015 foi um excelente exemplo. A partir do zero, os organizadores construíram uma verdadeira cidade inteligente com o apoio da Telecom Italia e da Cisco. E acabaram por tornar a Expo 2015 na primeira exposição digital do mundo, pelo menos segundo Guido Arnone, diretor de tecnologia da Expo 2015.
Ou seja, em Milão, este ano, a componente digital foi tão essencial para atrair visitantes e contribuir para o sucesso do evento quanto a experiência física. A “B!T” esteve lá e pode afirmar que é verdade. É que, não sendo um evento de tecnologia, em Milão comprovamos como para aprender e colaborar temos de usar, cada vez mais, a tecnologia.
A Expo 2015 teve basicamente dois projetos distintos a decorrer simultaneamente. A parte física, que obviamente pressupôs a construção da infraestrutura no local e, ao mesmo tempo, um projeto em paralelo, de cariz digital, focado no online e na experiência de pré e pós visita.
Para isso, foi implementada uma gigantesca estrutura de fibra ótica e tecnologia móvel “estado da arte”. A juntar a tudo isto, a tão afamada computação em nuvem.
Ao todo, foram cinco as camadas de tecnologia que permitiram erguer esta verdadeira cidade inteligente. Cinco camadas construídas em torno de energia, TIC, segurança, entretenimento educativo e serviços de valor acrescentado.
E enquanto a rede de energia, através da companhia elétrica italiana ENEL, fornecia redes inteligentes, medição inteligente, iluminação inteligente e pontos de carregamento de veículos elétricos, a Cisco era a responsável pela segunda camada, a das tecnologias de informação e comunicação. Uma camada que englobou telecomunicações, mobilidade, nuvem, datacentre, serviços de infraestrutura de TI e serviços de vídeo satélite. Tudo isto hospedado em um datacenter dedicado off-site, propriedade da Telecom Italia. Por último, a Cisco foi ainda responsável pela cobertura wi-fi do evento.
Aliás, Fabio Florio, gestor do projeto Cisco na Expo Milão, garantiu que esta é a primeira experiência de IP completa a uma escala global, isto é, inteiramente baseado em rede IP. “Todas as necessidades, atividades, soluções e serviços implementados pelos parceiros do evento no que diz respeito a questões como a segurança, a energia, a iluminação e os pagamentos dependem de uma infraestrutura de rede altamente inovadora, criada principalmente pela Cisco e pela Telecom Italia”.
“A área de exposição foi organizada como uma cidade inteligente, adotando soluções futuristas que permitiram aos visitantes desfrutar de uma experiência verdadeiramente única, explorando serviços radicalmente inovadores num ambiente seguro e de alto desempenho. A Cisco forneceu as melhores soluções da sua classe implementadas em todas as camadas da infraestrutura, porque uma cidade inteligente precisa de fundações tecnológicas sólidas”.
A terceira camada, a da segurança, compreendeu a tecnologia em torno de vigilância por vídeo, uma rede de sensores de segurança, cobertura tetra rádio (um protocolo de rádio digital), uma rede de segurança de IP e acesso físico ao local, gerenciado a partir de um comando no local e centro de controlo.
A quarta camada – entretenimento educativo – incorporou todos os sistemas e serviços necessários para educar e entreter os visitantes da Expo. O que incluiu sinalização digital, totens de informação interativa, tecnologia de e-paredes, aplicações de planeamento e guias do site digital para smartphones, juntamente com a venda eletrónica de bilhetes.
Facebook, Pinterest, Tumblr, Twitter e YouTube, apps oficiais para dispositivos iOS e Android. Valeu tudo nesta verdadeira cidade digital.
Por último, a quinta camada, refere-se aos serviços, que incluiu os pagamentos eletrónicos, máquinas de dinheiro, acesso a deficientes, veículos elétricos para o transporte de visitantes e funcionários no local.
Bem no coração dessas cinco camadas, esteve um centro de comando e controlo que unificou todos os fornecedores de tecnologia presentes sob o mesmo teto. Um centro a partir do qual a Telecom Italia conseguiu gerir e controlar tudo aconteceu ao redor do local.

O cenário
A exposição milanesa foi organizada como uma ilha rodeada por um canal de água. A feira de Rho, um esboço do arquiteto-estrela Massimiliano Fuksas, foi ligada à cidade graças à Via d’Água, um projeto que envolveu a reabilitação de alguns troços de Plataformas Flutuantes, o antigo sistema de canais de Milão. A intenção foi a de traçar, desde o centro da cidade até à Expo, um percurso pedestre e uma ciclovia.

Nos espaços expositivos foram cinco os pavilhões temáticos, no qual se desenvolveram os temas de nutrição e sustentabilidade de acordo com diferentes âmbitos: a experiência dos alimentos e o futuro, a ligação entre a nutrição e infância, a possibilidade de uma alimentação sustentável, a relação entre comida e arte, o modo de produção dos alimentos. Como de costume, além dos pavilhões das nações individuais e dos mistos, a Expo 2015 também recebeu contribuições de empresas numa área de 21 mil metros quadrados.
“A cidade do futuro será uma comunidade conectada de forma inteligente, com tecnologia sustentada em rede e que vai transformar radicalmente a maneira como vamos projetar, desenvolver e viver em áreas urbanas. A Expo 2015 é um palco extraordinário para apresentar as tecnologias que permitem novas e inovadoras tecnologias desenvolvidas por centros de pesquisa e desenvolvimento da Cisco na Itália e em todo o mundo”, disse David Bevilacqua, CEO da Cisco, Itália e vice-presidente da Cisco Corporate. “O objetivo aqui em Milão é que a tecnologia estivesse presente em tudo, mas de forma invisível”.

O balanço

A Expo Milão 2015 despediu-se no passado dia 31 de outubro com números bastante expressivos: 144 países, 58 pavilhões, 116 mil visitantes diários, 20 milhões de visitantes globais e 2,6 mil milhões de euros de custos. A Expo custou então cerca de 2,6 mil milhões de euros e, de acordo com os dados oficiais, as finanças públicas suportaram um investimento de 1,3 mil milhões euros, os patrocinadores contribuíram com 300 mil euros e os participantes gastaram mil milhões de euros. Portugal não marcou presença no certame devido aos custos de um pavilhão próprio. Só a instalação custaria entre seis e oito milhões de euros e depois seria preciso dinamizar o espaço durante seis meses.
O retorno económico do evento foi estimado em 10 mil milhões de euros, com o setor do turismo a ser o grande beneficiado. No entanto, pelo menos até ao momento, a organização não conseguiu avançar com números definitivos relativamente às receitas do certame. A Cisco terá investido qualquer coisa como 40 milhões de euros, sendo que 35 milhões foram em produtos e serviços e cinco milhões em dinheiro. Fechadas as portas em Milão, é tempo de começar já a fazer as contas a Astana, no Cazaquistão, que vai acolher a próxima edição, em 2017. Em 2020, a exposição mundial será no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Susana Marvão, em Milão

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