A Charter Communications divulgou que chegou a um valor final para o acordo que resultará na compra da concorrente Time Warner Cable e criará um colosso no setor de TV por cabo nos EUA. O negócio que totaliza quase 79 mil milhões de dólares é maior que o valor previsto inicialmente pelos analistas financeiros, de “apenas” 55 mil milhões de dólares.
Se aprovada pelos órgãos reguladores dos EUA, a fusão resultará no segundo maior conglomerado de televisão por cabo das Américas. As duas companhias confirmaram à agência EFE que entraram num “acordo definitivo” de fusão, que criará um novo grupo, com o nome oficial de “New Charter”, o que deve incluir os ativos de uma terceira empresa adquirida pela Charter em março, a Bright House Networks.
Segundo os termos financeiros definidos para a operação, a Charter pagará 55 mil milhões em dinheiro e ações, além de assumir uma dívida de quase 24 mil milhões dólares herdada da Time Warner Cable. A proposta de compra, que já tinha sido antecipada na segunda-feira pela imprensa americana, avalia em 195,71 dólares cada ação da Time Warner, o que representa um prémio de 14% em relação ao preço de fecho dos títulos da empresas na última quarta-feira. A mudança do início das negociações para este momento é que antes a Charter Communications não herdaria as dívidas da Time Warner, o que acabou por entrar na pauta da proposta final.
A Charter anunciou também que modificou os termos da compra de outra operadora menor da televisão por cabo nos EUA, a Bright House Networks, numa operação de aproximadamente 10,4 mil milhões de dólares realizada em março. Assim que receber o sinal verde dos reguladores do seu país, a New Charter transformar-se-á na segunda maior companhia de televisão por cabo dos EUA, com cerca de 23,9 milhões de clientes e presença em 41 estados. Ficará atrás apenas do grupo Comcast, que tem 27 milhões de assinantes. O atual presidente da Charter, Tom Rutledge, que passa a comandará a New Charter, afirmou em comunicado que as três companhias envolvidas na operação “são extremamente importantes para os serviços oferecidos via cabo”. Já o presidente da Time Warner Cable, Robert Marcus, disse que a fusão “permitiu a união de grupos que compartilham uma mesma filosofia”.
A aquisição não é um evento inédito dentro da Time Warner Cable, já que ela havia tentado uma união com a gigante Comcast, no início de 2014. A negociação não obteve sucesso por conta de entraves regulatórios, já que as autoridades norte-americanas, apesar de não terem emitido uma decisão oficial, sinalizaram que o grupo líder de comunicações por cabo daquele país controlaria uma carteira de assinantes grande demais. Com o clima de impedimento, a Comcast desistiu sozinha do negócio. Se fosse para frente, a proposta, avaliada na época em 45,2 mil milhões dólares, daria à Comcast o controlo de 30% das assinaturas de televisão por cabo do país, além de até 50% do serviço de Internet de banda larga.
Outro impedimento era que ao mesmo tempo, em 2014, a Comcast também administrava a absorção completa das ações da NBC Universal, adquirida num primeiro momento do conglomerado de media francês, Vivendi e uma outra parte, que pertencia às indústrias General Electric (GE).
Já a nova compradora da Time Warner Cable, a Charter é subsidiária da corporação Liberty Broadband, presidida pelo magnata do setor das comunicações John C.Malone, um dos principais defensores da operação. O acordo ocorre num momento de grandes mudanças na forma de assistir aos conteúdos audiovisuais. Enquanto na televisão tradicional nos EUA a audiência caiu 4% em dezembro último, o consumo de serviços de vídeos por streaming cresceu 60% somente no mesmo mês, segundo a consultora Nielsen.
Os analistas destacam que o anúncio evidencia a necessidade das companhias de televisão por cabo e provedores de serviços Internet de banda larga de unirem forças num setor em constante transformação, como afirmou o The New York Times, na edição de ontem. Os americanos têm optado cada vez mais por assistir aos programas de televisão e filmes através da Internet, fazendo uso de serviços de streaming e vídeos sob demanda, oferecidos por empresas como o Netflix, a Amazon, a HBO e o Hulu.
Após o anúncio do acordo, o presidente da concorrente Comcast, Brian Roberts, destacou em conferência telefónica a analistas e investidores que a operação é diferente da proposta de fusão feita pelo grupo um ano antes. “O novo acordo anunciado hoje faz todo o sentido e por isso quero congratular todas as partes envolvidas”, disse Roberts, em comunicado.
A Charter e a Time Warner Cable ressaltaram que esperam a conclusão do negócio até ao final do ano. É preciso antes aprovar o acordo nos grupos de acionistas de ambas as firmas, além da análise dos reguladores do setor. “A Comissão Federal de Comunicações (FCC) vai rever a fusão e determinar se o acordo é bom para o interesse público. Veremos também como os consumidores beneficiarão, caso o plano passe a vigorar oficialmente”, disse o órgão regulador, também em comunicado.
*Amauri Vargas é jornalista da B!T no Brasil
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