CE vs Silicon Valley: a corrida pelo domínio europeu
A Comissão Europeia está a preparar-se para desembainhar a espada e defender o mercado contra as tecnológicas de Silicon Valley. Com a proposta do Mercado Digital Único, o órgão regulador quer fomentar o crescimento das empresas da região, considerando que as suas congéneres transatlânticas estão a aprofundar cada vez mais as suas raízes nos vários setores europeus.
No próximo dia seis de março será apresentada a proposta da Comissão Europeia para a criação de um único mercado digital, que deverá fomentar o crescimento do setor tecnológico do Velho Continente. Para além disso, este novo “espaço” vai procurar impermeabilizar a Europa contra a influência dos rebentos de Silicon Valley, o Monte Olimpo da tecnologia mundial.
O Wall Street Journal afirma que um mercado digital único seria capaz de adicionar cerca de 340 mil milhões de euros ao PIB europeu, criar 3,8 milhões de novos empregos e aplacar as despesas das administrações públicas entre 15 a 20 por cento. Esta proposta visa também revitalizar um mercado cujo crescimento tem sido bloqueado pela hegemonia das tecnológicas norte-americanas, como a Google ou o Facebook, cujos tentáculos estendem-se já por toda a Europa e por todos os setores que a compõem.
A implementação deste mercado único deverá ser efetuada por fases ao longo dos próximos dois anos, e arar o terreno para que as empresas europeias ganhem força para competir em pé de igualdade com as congéneres da América do Norte.
O vice-presidente do projeto mercado digital único, Andrus Ansip, disse que o objetivo é incrementar o comércio intra-europeu. Citado pelo WSJ, o responsável diz que a Europa conta com uma base de 500 milhões de potenciais clientes, ao passo que os EUA ficam-se pelos 350 milhões. Contudo, o crescimento das empresas europeias é obstruído por leis que variam de país para país, ao nível do fluxo de dados, do armazenamento e da encriptação, discrepâncias que a CE quer aplanar.
Ao nível das telecomunicações, a União Europeia quer investir na evolução das redes e apostar nas tecnologias de quarta geração, tendo em conta que, embora os países do norte já disponham de 4G, mercados da Europa do sul e de leste operam ainda sobre redes 3G e, em alguns casos, 2G.