Carreira em cibersegurança pouco interessante para jovens mulheres
No início deste ano, a Frost & Sullivan previu uma escassez de 1,8 milhões de profissionais da área de cibersegurança até ao ano de 2022. O Global Information Security Workforce Study (GISWS) chegou recentemente à conclusão que a situação se agrava pelo facto de as mulheres representarem apenas 11% da atual mão de obra desta área. Agora, a Kaspersky Lab lançou as conclusões de um novo estudo, na tentativa de compreender o porquê de tão poucas mulheres escolherem trabalhar neste sector.
Se a indústria vai começar a encorajar mais mulheres a fazer parte dela, a imagem da cibersegurança entre os jovens precisa de uma renovação, afirma a Kaspersky Lab. O estudo descobriu que a terminologia geralmente associada a papéis da área de cibersegurança – como hacker – tem uma conotação negativa e não é atrativa para jovens mulheres, sendo que duas em cada três afirma ter preferência por uma carreira pela qual se sente atraída em vez desta.
Ainda, um terço das mulheres acredita que os profissionais de cibersegurança são “geeks” e um quarto pensa que são “nerds”, o que contribui para que 78% das jovens nunca tenha considerado uma carreira em cibersegurança.
Durante o trabalho com especialistas da indústria, o estudo da Kaspersky Lab descobriu que existe um problema de perceção em torno das carreiras na área de cibersegurança, e que este, em conjunto com o facto de as jovens tomarem decisões sobre as suas carreiras tão cedo, está a tornar difícil para a indústria encoraja-las a entrar neste sector.
“Fazemos parte de um sector enérgico e em rápido crescimento, mas a verdade é que existem poucas mulheres nesta área. Infelizmente, torna-se claro através do nosso estudo que, neste momento, jovens mulheres não veem a cibersegurança como uma opção de carreira viável ou atrativa, e estão decididas a escolher diferentes opções numa idade muito jovem, o que nos dificulta a tarefa de as convencer do contrário”, afirma Alfonso Ramirez, Diretor Geral da Kaspersky Lab Iberia.
“Ajudar as mulheres a desenvolver os conhecimentos necessários ao nível da educação irá certamente ter um papel importante para ultrapassar as barreiras de entrada nesta área; ainda vários outros relatórios sobre o STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) já se debruçaram bastante sobre este tema. Ainda assim, acreditamos que a imagem da indústria como um todo também deve mudar, tal como a forma como são promovidas as carreiras. Um passo importante deste processo é tornar os papéis mais visíveis e atrativos, e desmistificar o estereótipo de geeks de segurança de TI sentados ao computador numa sala escura”, continua o executivo.
Com 42% dos jovens a concordar sobre a importância de ter um exemplo do seu género a seguir, e metade das mulheres a preferir trabalhar num ambiente com igual número de homens/mulheres, a Kaspersky Lab incita a que mais mulheres da indústria aceitem a tarefa de promover carreiras na área de cibersegurança.
Stuart Madnick, professor de Tecnologias de Informação no MIT e fundador do Consórcio Interdisciplinar para Melhoria da Cibersegurança de Infraestruturas Críticas, comentou acerca das conclusões do estudo, “como demonstrado pelo relatório da Kaspersky Lab, jovens mulheres muitas vezes não estão cientes, não se sentem preparadas ou não conhecem modelos a seguir que as possam incentivar a considerar carreiras na área de cibersegurança. A verdade é que muitos indivíduos têm uma ideia errada de que a cibersegurança é um trabalho muito técnico que obriga a fortes conhecimentos de código. Apesar de ser verdade para alguns trabalhos, as ameaças de cibersegurança ocorrem muitas vezes devido a deficiências na cultura e a procedimentos das organizações – e as “soft skills” podem ser tão – ou às vezes mais – importantes que os conhecimentos técnicos para marcar a diferença numa organização.”
“Descobrimos que os colaboradores procuram muitas vezes um emprego que tenha sentido, crie um impacto em algo importante, que seja divertido e interessante. Carreiras na área da cibersegurança correspondem a estes critérios. Só temos de repensar e melhorar a forma como as comunicamos”, concluiu.
Aceda à versão completa do estudo “Following whose lead? A study into why women are not entering cybersecurity” aqui.