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Banca: Conveniência nas compras online posta em causa

A Autoridade Bancária Europeia (EBA) apresentou recentemente propostas para a forma como irá implementar o denominado sistema de autenticação forte do cliente (SCA – Strong Customer Auten).

Os planos, dizem em comunicado, incluem uma abordagem “one size fits all”, onde cada transação online acima de 10 euros irá exigir etapas adicionais no checkout, como a introdução de passwords, códigos ou o uso de um leitor de cartão.

Mas a Visa, numa pesquisa levada a cabo junto de consumidores de países Europeus, diz que o potencial impacto destas mudanças não é agradável.

Na prática, as propostas apresentadas significariam:

  • O fim dos express checkouts online. Isto inclui checkouts de um só clique, mesmo em lojas onde os consumidores fazem compras regularmente, e o fim dos pagamentos rápidos e automáticos nas aplicações onde os cartões já estão associados. A Visa estima que metade dos consumidores Europeus que fazem compras online sejam afetados. A pesquisa revelou que quase dois terços (61%) abandonaria a compra se mais etapas forem adicionadas ao processo de checkout e de pagamento quando compram online.
  • Reduzido acesso a compras online fora da Europa. As propostas significam que os websites internacionais terão que seguir as novas regras Europeias ou as compras serão automaticamente declinadas. A Visa estima que um total de €6 mil milhões em pagamentos possam ser impactados, representando dois terços de todas as transações Europeias em sites internacionais. A pesquisa demonstra que 51% dos consumidores compram hoje online a retalhistas fora da União Europeia.
  • Longas filas e problemas no uso de cartões em locais como portagens e parques de estacionamento, onde a introdução do código PIN já não é necessária hoje. Em França, tal afetaria mais de 500 milhões de viagens por ano.

“Estas novas propostas ameaçam seriamente afetar a forma como todos realizamos compras online. Os planos trarão complicações e inconvenientes, incluindo mais transações declinadas e experiências de checkout mais longas e complicadas, com pouco ou nenhum benefício para os consumidores”, disse no documento Sérgio Botelho, Country Manager da Visa em Portugal.

“Apoiamos completamente fortes medidas de segurança. No entanto, gerir pagamentos é sempre uma questão de encontrar o equilíbrio certo entre a segurança e a conveniência. A abordagem de one size fits all afasta este equilíbrio, tornando difícil para os consumidores fazer compras onde, quando e no dispositivo que quiserem. E isso vai irritar os consumidores e prejudicar o potencial das empresas para vender os seus bens e serviços”.

“O comércio eletrónico tem sido um sucesso Europeu numa época de fraco crescimento económico global, mas esta iniciativa ameaça retardar o crescimento e reduzir a competitividade das empresas Europeias contra concorrentes de outras partes do globo”.

A Autoridade Bancária Europeia publicará as propostas de normas finais a 12 de Janeiro de 2017. Estas normas são uma resposta aos requisitos da Diretiva de Serviços de Pagamento (PSD2), que obriga a um sistema de autenticação forte do cliente para todos os pagamentos eletrónicos.

Sérgio Botelho acrescenta que “todo este inconveniente não vem acompanhado de nenhuma evidência de que ele vai realmente reduzir a fraude. Temos hoje um sistema que funciona, assente numa abordagem que chamamos de autenticação baseada no risco. Isso permite decisões inteligentes sobre se uma determinada compra é de baixo risco, tendo em conta aspetos como o dispositivo que está a ser usado e padrões de compras anteriores”.

“A fraude nos cartões Visa é extremamente baixa, de cerca de €0,05 por cada €100 gastos. E, de qualquer forma, os consumidores estão protegidos de perdas por fraude – todo o risco é assumido pelos comerciantes e Bancos que, juntamente com a Visa, já implementaram um conjunto de medidas de segurança para prevenir compras online fraudulentas. Estes estão preparados para aceitar esse risco de forma a dar uma experiência perfeita aos seus clientes, porque sabem que isso torna as vendas mais prováveis e é isso que as pessoas esperam hoje”.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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