O setor da energia e utilities está a fazer uma utilização crescente da automatização inteligente à escala global, incluindo – e desde 2017, da Inteligência Artificial. No entanto, e segundo o novo estudo do Capgemini Research Institute, os gestores estão a subestimar o total potencial da automatização inteligente ao deixarem os grandes projetos em segundo plano.
O estudo “Intelligent Automation in Energy and Utilities: The next digital wave” conclui que quase metade dos inquiridos subestimam os benefícios decorrentes das suas iniciativas de automatização inteligente, com somente 18% das organizações a implementarem formas de utilização que permitem obter resultados muito rapidamente (“quick-win use cases”). Apenas 15% dos inquiridos revelou que as suas empresas está a implementar programas de automatização inteligente em larga escala.
O estudo sublinha que os modelos de negócio tradicionais do setor da energia e das utilities estão sob pressão à escala mundial, com as transformações tecnológicas e o aumento da concorrência a dominarem este cenário; e considera que a Automatização e a IA serão instrumentais para as empresas do setor poderem enfrentar com sucesso os desafios emergentes das alterações do clima, bem como para serem capazes de responder à procura crescente dos seus clientes por energias alternativas fiáveis e de baixo custo.
O estudo revela também que existem várias desigualdades a nível regional e subsetorial no que diz respeito à implementação da automatização, nomeadamente:
Apesar deste ser um setor que retira grandes vantagens da automatização inteligente, para que esta ganhe verdadeiro protagonismo, as empresas ainda terão que proceder a implementações em larga escala, que concentrar os seus esforços nos “quick wins” e que resolver a questão fulcral da escassez de mão de obra qualificada na área do digital.
Principais conclusões do estudo, que inquiriu 529 quadros superiores (gestores e funções superiores) no setor da energia e utilities:
O estudo conclui que o setor já está a retirar claras vantagens da automatização, sobretudo no que diz respeito ao impacto no aumento dos níveis de eficiência operacional, a impulsionar fortemente o crescimento e o engajamento com os clientes nas empresas do setor da energia e utilities à escala global, e por comparação com outros setores de atividade. Entre os gestores das empresas dos mais variados setores de atividade, os do setor da energia e utilities, são os que afirmam retirar vantagens das iniciativas de automatização inteligente em maior número. Exemplos das áreas envolvidas:
Em termos de benefícios, 47% subestimou as economias de custos, 48% o nível de satisfação dos clientes e 45% o impacto nas receitas líquidas e no aumento das receitas marginais.
Abhijeet Bhandare, Chief Automation Officer da GE Power, explica: “Temos um critério de seleção muito rigoroso definido para as formas de utilização da automatização. Temos cerca de 200 ideias de automatização em carteira, e uma média de 50 a 60% destas será rejeitada. O importante é concentrar a atenção nas restantes 50 a 40% que nos poderão trazer ganhos efetivos. É preciso ter o critério certo – quer este seja norteado pelo valor, pelas poupanças de custos ou pelo custo de oportunidade. No que diz respeito aos casos de utilização, as empresas precisam de se focar na qualidade e não na quantidade.”
Nas funções críticas, apenas 18% das empresas de energia e utilities está a implementar casos de utilização quick-win. Em vez disso, apenas 1/3 das empresas de energia e utilities (38%) está focada nas formas de utilização facilmente implementáveis mas com benefícios rápidos e comprovados.
Ao mesmo tempo que a adoção da IA adquiriu maturidade em todo o setor, com a maioria dos inquiridos (52%) a terem implementado diversas formas de utilização (quando há dois anos atrás apenas 28% tinha arrancado com projetos piloto), apenas um número reduzido de gestores (15%) afirmou que a sua empresa estava a implementar múltiplas formas de utilização da automatização inteligente em larga escala.
As dificuldades comerciais são citadas pelos inquiridos como os principais obstáculos à implementação em larga escala, nomeadamente por causa da falta de coordenação entre os vários departamentos (37 %), por falta de envolvimento das administrações (35 %) e pela relutância das empresas em experimentarem tecnologias com capacidade para substituir a mão de obra humana (34%).
Muitos gestores também afirmaram que a escassez de recursos humanos é outro dos desafios/obstáculos. A maioria dos inquiridos aponta a falta de recursos humanos especializados em tecnologias da automatização (55%); já 47% aponta os esforços limitados de reconversão do pessoal; enquanto 42% diz que há dificuldade em reter os trabalhadores com as qualificações certas, e 41% refere a resistência dos seus trabalhadores em aprenderem novas competências.
Philippe Vié, Global Head of Energy & Utilities da Capgemini, afirma, “O setor da energia e das utilities já está a constatar o impacto positivo da automatização inteligente no nível de eficiência das suas empresas e atividades, na satisfação dos clientes e nas receitas. Os gestores passaram por isso a incluir a automatização inteligente na lista das suas prioridades. Agora o foco tem que se centrar noutros fatores que permitam escalar as múltiplas formas de utilização, incluindo o investimento em recursos humanos especializados, uma coordenação mais integrada entre os vários departamentos, e um nível de compromisso/envolvimento mais profundo das chefias. Sabendo quais as vantagens que a automatização inteligente pode oferecer, as empresas de energia e utilities devem agora redobrar os seus esforços para poderem obter o máximo de benefícios”.
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