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As perspectivas da logística para 2016

Atualmente, os líderes do comércio online são (quase) os únicos com capacidade de satisfazer esta necessidade, através do acompanhamento sistemático da mercadoria, diretamente a partir do website. Torna-se urgente, para as empresas que não pertencem a esta elite e que ainda reencaminham os seus clientes para o site da sua transportadora, fornecer aos clientes ferramentas que permitam monitorizar o percurso dos bens encomendados. Como? Sincronizando os dados do local onde são preparadas as encomendas com as transportadoras.

Acreditamos que esta visibilidade total do comércio online se irá transformar rapidamente num serviço standard fornecido pelas empresas de e-commerce, incluindo as de menor dimensão. Este serviço será implementado com maior regularidade porque o custo da tecnologia necessária foi democratizado e as expetativas dos clientes aumentaram.
No contexto atual de guerra de preços, não incluir este serviço significa perder clientes para a concorrência.

A Uber Rush e Amazon Flex irão desapontar?

Tudo indica que sim, mas não a qualquer custo.

Desde outubro de 2015, a Uber (empresa internacional de rede de transporte colaborativa através de uma aplicação móvel) chamou a atenção do setor das entregas com a criação da marca “Rush” e demonstrou vontade de competir com gigantes como a FedEx e DHL. A Uber Rush é uma aplicação que solicita um estafeta para realizar um serviço de entrega e que permite acompanhar o percurso do fornecedor através do software.

Por outro lado, a Amazon, gigante do comércio online, tenta assumir o controlo da sua distribuição desde setembro de 2015, oferecendo entregas ao domicílio numa hora, com um serviço no qual os estafetas independentes podem entregar as encomendas realizadas na Amazon Prime Now, a troco de uma compensação financeira.
A operação é simples: subcontratar o serviço Lasr Mile a trabalhadores a tempo parcial.

Para os consumidores que consideram a qualidade de serviço um valor inquestionável, estas aplicações podem suscitar as seguintes questões: “Se os próprios profissionais do setor nem sempre são exemplares no seu trabalho, devemos esperar que os estafetas amadores subcontratados nos proporcionem uma qualidade de serviço idêntica? Como garantir a segurança da mercadoria?”

Mas, enquanto surgem estas questões, o modelo de economia colaborativa vai fornecendo ao setor mais ideias criativas para desenvolver novos serviços de logística com de valor acrescentado para o cliente e a preços acessíveis.

A poderosa Amazon

É provável que a Amazon adquira a totalidade da empresa francesa Colis Privé, que detém 25% desde 2014. Esta possível aquisição, transformará a Amazon no gigante do comércio e da distribuição, e reforçará a fidelização do cliente, uma vez que terá todas as capacidades de realizar os seus compromissos logísticos e oferecer uma excelente qualidade de serviço.

Embora represente uma situação win-to-win para o consumidor final, a aquisição da Coli Privé irá agitar o ecossistema logístico já que, aliada ao aluguer de vinte aviões Boeing 741 e uma licença de transporte marítimo, seguramente provocará o desaparecimento de algumas transportadoras (as mais pequenas) e perdas significativas para as transportadoras de maior de dimensão.

Leia também : Os novos trunfos da IA

Estas grandes manobras do mercado irão aumentar a diferença para as restantes lojas do comércio online, uma vez que a Amazon terá a possibilidade de proporcionar uma oferta abrangente que inclui, vendas, serviço de armazenamento e entrega e ainda a facilidade de acesso a mercados de todo o mundo. Quem mais poderá oferecer isto?

Venda a granel: um desafio logístico inesperado

A venda a granel é o novo Boom. Durante muitos anos envolvia produtos como a fruta e as verduras frescas, agora, a maioria dos produtos alimentares são vendidos desta forma. A venda a granel tornou-se um sucesso na comunidade de clientes que gosta de conciliar ética com hábitos de consumo e junto daqueles que têm um orçamento mais limitado. As marcas orgânicas como a Biocoop foram as primeiras a reanimar este modelo de venda, posteriormente replicado pelos hipermercados, como a Auchan.

Este modelo de venda liga os gigantes do retalho aos pequenos produtores, mas representa um desafio logístico real. Isto porque, os silos armazenam um baixo volume e os grandes retalhistas são adeptos do just-in-time, o que pressupõe o abastecimento num curto espaço de tempo. Os pequenos produtores não dispõem de meios para conseguir fazer isto. Contudo, surgem novas empresas que se destacam pela capacidade de assegurar a referenciação de produtos, armazenamento e transporte dentro de uma janela horária mais apertada, graças a uma gestão de aprovisionamentos eficiente e à utilização de um sistema informático adequado.

Os próximos meses serão determinantes e irão revelar o futuro deste tipo de modelos.

2016, o ano do RFID?

A Deloitte classificou a robótica como uma das inovações mais maduras do setor.

Tal como acontece com o Leclerc e a Scapest, muitos retalhistas têm automatizado grande parte da sua atividade logística nos armazéns.

Esta tecnologia permite melhorar a rastreabilidade da produto, o controlo eficiente do carregamento da mercadoria, reduzir custos nos processos de receção e inventário nos pontos de venda, rápida localização dos produtos, etc. O sucesso da tecnologia RFID traduz-se na capacidade de proporcionar um retorno de investimento à empresa que a implemente. Ao contrário de anos anteriores, as empresas podem beneficiar de preços cada vez mais atrativos para a implementação esta tecnologia.

Na era de mediatismo e qualidade de serviço em que vivemos, será o RFID uma escolha óbvia para 2016?

Mafalda Freire

Colaboradora da B!T, escreve sobre TI e faz ensaios. Esteve ligada à área de e-commerce durante vários anos e é fã de tecnologia, do Star Wars e de automóveis.

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