Alunos do IST apresentam protótipo FST 07e [com vídeo]

A Formula Student é uma competição automóvel entre equipas de universidades da Europa, que tem o apoio de grandes nomes da indústria mundial, como Ross Brawn, e visa o desenvolvimento de carros por jovens engenheiros, incentivando o empreendedorismo e a inovação no meio académico.

O novo protótipo, o sétimo desenvolvido pela FST Lisboa e quarto elétrico, tem, além dos motores eléctricos nas rodas, chassi monocoque em fibra de carbono pré-impreganada, suspensão duplo triângulo em fibra de carbono, 130W, 175 cv de potência, faz 2,3 segundos dos 0 aos 100km /h e atinge uma velocidade máxima de 110 km/h.

O FST 07e pesa 210 kg , uma redução significativa em relação ao modelo anterior, conforme indicou, durante a apresentação, João Paulo Monteiro, team leader do FST Lisboa. Segundo o responsável da equipa patrocinada pela Novabase, este ano há dois objetivos para o campeonato, um deles é ser mais competitivo e o outro é que consigam fazer mais desenvolvimento próprio.

O prototipo é feito com tecnologia 100% nacional mas ainda há espaço para mais inovação “in-house” por parte dos estudantes do IST. A equipa que tem 33 elementos, desenvolve todas as partes do veículo e conta com o apoio de várias empresas portuguesas, de alumni e docentes da instituição de ensino que representam.

A FST Lisboa está em 28º lugar num conjunto de 120 equipas, mas quer mais e como tal, em vez de desenvolver um carro a cada dois anos vai começar a ter um protótipo por ano, sendo que a o FST 08e está previsto ser apresentado já em 2018, incluindo assim inovação mais cedo do que até agora.

Segundo o responsável da equipa, o carro corresponde a um “investimento de 180 mil euros”, isto sem contar com a mão-de-obra dispensada pela equipa, em que cada membro gasta cerca de 15 a 25 horas semanais no projeto.

O FST 07e tem algumas peças construídas utilizando impressão 3D como é o caso de periféricos e algumas partes da bateria. A tecnologia de impressão é também usada para testar novas peças e a sua segurança.

A bateria tem peças impressas em 3D (na foto) feitas num plástico anti-fogo, que segundo João Paulo Monteiro, é responsável por “grande parte da segurança” da mesma.

A bateria é de células de lítio-cobalto, que são muito propicias a falhar fora de ambiente de trabalho, o que significa que há que existir prevenção. Esta é feita com os módulos desenhados e programados pelos alunos, referiu Pedro Costa, responsável da equipa por este componente. Se existir algum problema, o carro deixa automaticamente de funcionar por questões de segurança.

Além disso, há a segurança passiva que é feita, quer pela referidas peças de plástico 3D, quer por uma tinta de teflon, que é resistente a derrames químicos e consegue suportar temperaturas até 400 graus.  Esta tinta especial, usada também na aeronáutica, foi fornecida como apoio pela TAP Maintenance & Engineering.

Em termos aerodinâmicos, as asas são de grande dimensão, maiores que as dos seus antecessores, em virtude do carro rodar a velocidades baixas para uma competição automobilística e essa ser a forma de ganhar melhor tração no protótipo.

João Paulo Monteiro disse à B!T que as regras da Formula Student são alteradas de dois em dois anos para estimular a inovação das equipas e quando questionado sobre a segurança cibernética, o team leader respondeu que “não há preocupação dado que só há comunicações de dentro do carro para fora e não ao contrário, ou seja, “o carro não pode ser controlado remotamente”.

Essas comunicações telemétricas são importantes pois como foi também referido na apresentação, a análise dados é fundamental, não só porque dá hipótese à equipa de monitorizar o que se passa no carro, mas porque permite ter insights de como melhorar ou corrigir determinados parâmetros. Assim, o analytics é, e vai ser ainda mais este ano, uma parte crucial do sucesso da equipa FST Lisboa.

Eis o vídeo em 3D da assemblagem do FST07 e:

 

Em conversa com o team leader da FST Lisboa, foi possível verificar que a Formula Student “ainda anda um bocadinho atrás da indústria”e não consegue trazer inovações que podem ser transpostas para o mundo real. No entanto, João Paulo Monteiro afirma que já se começam a ver mudanças nesse aspecto. “Claramente que nos últimos anos, e também com a entrada das equipas alemãs para a competição, a inovação começou a subir e, neste momento, temos exemplos como o record do mundo de aceleração de um carro elétrico pertencente à equipa de Zurique, 0 aos 100 km em 1,5 segundos.” Além disso, “este ano vai acontecer, pela primeira vez na Alemanha a Formula Student Driverless.”

Espera-se assim que a inovação da Formula Student e dos jovens engenheiros das universidades europeias chegue ao mercado, com os principais fabricantes de automóveis atentos a potenciasis novidades e desenvolvimentos trazidos pela nova competição de carros autónomos elétricos.

Novabase apoia a inovação “made in” Portugal

A Novabase apoia o projecto há 6 anos e Luis Paulo Salvado, CEO da empresa e antigo aluno do IST, indicou que “o Instituto Superior Técnico é um dos nossos principais parceiros e onde, nos últimos anos, contratámos várias centenas de jovens engenheiros. Apoiamos este projeto porque acreditamos é uma oportunidade única e aprendizagem e crescimento para todos os alunos envolvidos.”

“A Novabase é talento ao serviço da inovação”, acrescentou. A empresa apoia a “iniciativa porque acreditamos também que toda ela é talento ao serviço da inovação. É uma excelente oportunidade para colocarem os vossos conhecimentos para criar valor e, hoje, […] Portugal precisa muito disso.”

O CEO da tecnológica portuguesa revelou que considera que “para além de ser um ambiente altamente competitivo, em que se exige o desenvolvimento de soluções de elevada complexidade, o condicionamento de recursos implica um forte trabalho de equipa e a coordenação eficaz de competência multidisciplinares, condições que em muito replicam a inovação em contexto empresarial”, sendo esse mais um motivo para a Novabase ser patrocinadora da equipa.

Luis Paulo Salvado disse também que não basta fazer um produto bom, é preciso saber vendê-lo e ganhar visibilidade e que os alunos que participam neste projeto estão já a ganhar essas competências que lhe serão muito úteis no mercado de trabalho.

Mafalda Freire

Colaboradora da B!T, escreve sobre TI e faz ensaios. Esteve ligada à área de e-commerce durante vários anos e é fã de tecnologia, do Star Wars e de automóveis.

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