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Addio, adieu, Uber

A Uber pode estar a dias do fim no mercado português. Depois de a decisão do Tribunal de Lisboa, que considerou as operações da empresa marginais e uma ameaça, a Uber afirma que não foi notificada de qualquer decisão judicial e que, “a confirmar-se, é surpreendente”.

O percurso da Uber não tem primado pela simplicidade e monotonia. Um pouco por todo o mundo, o serviço digital de transportes, que desperta algum desconforto junto do sector dos táxis, tem frequentemente sido alvo de acusações de negligência, por recrutar condutores cujos antecedentes não são escrutinados, e de marginalidade, por alegadamente operar num mercado paralelo para o qual a legislação vigente não estava preparada.

Mas em Portugal, a Uber operava sem grandes problemas (excetuando um ou outro protesto vociferado pelos representantes das uniões sindicais dos taxistas). Contudo, na passada terça-feira, o Tribunal de Lisboa decretara como ilegais as suas operações e que o serviço coloca em xeque a integridade dos passageiros que o utilizam, de acordo com informações a que o Expresso teve acesso.

Contactado pela B!T, Rui Bento, diretor-geral da Uber Portugal, afirmou que a empresa não fora informada de qualquer decisão por parte do Tribunal relativamente às suas operações no mercado nacional. “Em Portugal, operamos exclusivamente com parceiros licenciados de acordo com a legislação em vigor”, comentou o executivo, acrescentando, de forma muito diplomática, que caso seja devidamente notificada, a Uber, então, procederá a uma análise escrupulosa das razões da acusação e das consequências que se refletirão no seu negócio.

“Não falar com os representantes da empresa em Portugal é algo que estranhamos – particularmente no caso de uma empresa que serve milhares de utilizadores em Lisboa e Porto e tem possibilitado a criação de centenas de postos de trabalho”, comentou Rui Bento.

A decisão do Tribunal de Lisboa ecoa os esforços que a Antral – Associação Nacional dos Transporte Rodoviários em Automóveis Ligeiros tem vindo a fazer no sentido de exterminar os serviços da Uber. No website da Antral pode ler-se a sentença decretada pelo Tribunal, que ordena a Uber a terminar as suas operações em Portugal, “bem como cessar a actividade de transporte de passageiros em automóveis ligeiros por meio de aplicações destinadas a esse fim, também em Portugal e, no mesmo espaço, cessar a angariação de meios e a execução de contratos de transporte de passageiros, sob a designação de “Uber”, ou de qualquer outra que seja denominada, para fins idênticos”.

O Tribunal diz ainda que a Uber é obrigada a encerrar o seu portal digital e a pôr termo aos serviços e conteúdos disponibilizados na sua aplicação para dispositivos móveis.

A areia na ampulheta da Uber poderá escassear mais depressa do que imaginara, e o Tribunal de Lisboa não se importou de martelar mais um prego no caixão da empresa quando decretou que por cada dia que estivesse em incumprimento com a ordem judicial seria obrigada a desembolsar dez mil euros.

A Zomato, cuja app premite encontrar restaurantes, firmou na semana passada uma parceria com a Uber. Este acordo disponibilizava o serviço de transporte nas páginas dos restaurantes da Zomato, permitindo ao utilizador solicitar uma viatura para a localização do estabelecimento. A B!T procurou saber quais os impactos que este decreto do Tribunal de Lisboa teria sobre a aliança entre estes dois serviços digitais e, particularmente, sobre o negócio da Zomato. Contudo, não conseguimos obter qualquer resposta por parte desta última.

Filipe Pimentel

Formado em Ciências da Comunicação, tem especial interesse pelas áreas das Letras, do Cinema, das Relações Internacionais e da Cibersegurança. É incondicionalmente apaixonado por Fantasia e Ficção Científica e adora perder-se em mistérios policiais.

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