A implosão do LinkedIn: quebra histórica limpa 10 mil milhões do valor em bolsa

Foi um tombo de 83,90 dólares por título que limpou 11 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros) da capitalização bolsista do LinkedIn, agora nos 14,21 mil milhões. Também significa um recuo para mínimos de três anos.

Este desastre bolsista do LinkedIn aconteceu depois da publicação dos resultados do quarto trimestre, que até superaram as expectativas dos analistas – ganhos por ação de 94 cêntimos, contra o consenso esperado de 78 cêntimos, e receitas de 862 milhões de dólares (772 milhões de euros), quatro milhões acima do que se previa.

Mas as previsões para o primeiro trimestre foram ajustadas muito em baixa: em vez dos 868 milhões esperados pelos analistas, o LinkedIn aponta para 820 milhões. Os ganhos por ação deverão ficar-se pelos 55 cêntimos, bem abaixo dos 75 cêntimos projetados. O motivo é o encerramento da divisão Lead Accelerator, cuja tecnologia ajudava os marketers a afinar a estratégia de recrutamento, e que os analistas consideram ser um erro crasso.

No entanto, não é só disto que se fala. As previsões mais modestas da rede que liga profissionais e empresas podem assinalar algo de mais profundo que um simples reajuste. Alguns meios temem que seja o indício de uma crise de empregos em Silicon Valley; outros referem que é um sério aviso para as startups que consideram a possibilidade de uma dispersão em bolsa, e há ainda a questão de maus sinais para os unicórnios (empresas privadas avaliadas acima de mil milhões).

O CEO do LinkedIn, Jeff Weiner, aludiu à pressão das condições económicas mundiais, que incluem o abrandamento do crescimento de mercados emergentes importantes como o Brasil, o enfraquecimento do euro e da libra face ao dólar e o recuo do preço do barril de petróleo (que tem tido alguns efeitos perversos, incluindo milhares de despedimentos).

“A nossa estratégia em 2016 vai focar-se cada vez mais numa série mais pequenas de iniciativas de alto valor e alto impacto, com o objetivo de fortalecer e alavancar o nosso portfólio inteiro de negócios”, referiu Weiner. “O nosso roadmap será suportado por maior ênfase na simplicidade, prioritização e retorno e impacto do investimento.” Os analistas não acreditam que seja suficiente.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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