Novas plataformas em debate no fórum Media do Congresso das Comunicações
Neste fórum, a abertura esteve a cargo do moderador Manuel Lopes da Costa, responsável pela Área de Advisory da PWC. O moderador fez a apresentação de um estudo da sua empresa em que falou das macrotendências.
Este estudo constatou algos dados importantes: um crescimento no consumo de média através de smartphones e tablets; a televisão vai continuar a dominar o consumo de publicidade; o cinema em sala está a crescer – consumidor prefere consumir cinema em sala do que em casa; a publicidade na Internet está cada vez mais próxima da publicidade de TV; os consumidores gostam de produtos de média baratos ou até gratis e apresentam preocupações a nível de segurança.
Depois da apresentação do estudo, todos os oradores foram questionados sobre as estratégias das suas empresas.
Alberto da Ponte, Presidente do Conselho de Administração da RTP disse que tendo em conta as tendências, a sua empresa vai responder de uma forma muito simples. Em primeiro lugar tem de haver uma transformação cultural e educacional. “Qualquer operador tem de adapatar as novas tendências e tem de ter em conta que o consumidor é o rei, é ele que manda e é ele que vai ditar se somos bem ou não sucedidos”.
O Presidente referiu ainda a importância de conseguir criar boas relações com o setor privado. “Entre o setor publico e o privado não existem só divergências, nós é que não nos temos esforçado para encontrar as convergências”.
Alberto da Ponte falou ainda dos quatros eixos fundamentais para o plano estratégico da RTP. O primeiro eixo do plano está relacionado com o crescimento da receita e da preferência do consumidor; o segundo, a obrigação de lutar por uma transmissão de sinal aberto disponível a todos os portugueses (problemas com a TDT); o terceiro eixo passa pela reestruturação da empresa e, por consequentemente, uma dimunição de custos; e o quarto eixo a transformação cultural.
O orador terminou a sua intervenção dizendo que “a RTP está na luta de vender Portugal”.
A oradora seguinte foi Rosa Cullell, CEO da Media Capital. Em relação à estratégia da TVI, a CEO garantiu que a empresa vai continuar a investir, a crescer, para poder exportar conteúdos.
Rosa Cullell falou ainda das dificuldades que o setor privado atravessa. “Portugal é um bom mercado e os investidores acreditam nisso. Temos de ter bons conteúdos para que os consumidores queiram continuar conosco e para que o mercado publicitário queira continuar conosco. Não é assim tão fácil ter conteúdos, ser líder e fazer informação de qualidade. Estamos a tentar manter os postos de trabalho nesta crise do mercado publicitário. Precisamos de uma legislação que fale com a nossa indústria que nos ajude a fazer a transformação que precisamos”.
Na relação com o setor público, a representante da TVI é da opinião de que os privados também têm de prestar serviço público, mas que é o serviço público tem de complementar o que o privado não consegue fazer.
De seguida foi a vez de Pedro Norton, CEO do grupo Impresa, falar da estratégia do seu grupo.
Nos próximos anos, a empresa estabeleceu cinco princípios. O primeiro é a ideia de que o conjunto de marcas do portfólio da Impresa sirvam um conjunto de comunidades e têm de ser servidas como o consumidor final quer e onde quer; o segundo passa por mudar e assumir a centralidade do cliente; o terceiro ponto é serem produtores criativos de conteúdos e agregadores de conteúdos; o quarto, a ideia da centralidade da tecnologia; e, o quinto, as mudanças tecnológicas, culturais (consumidor final com mais poder) e mudanças na estrutura de negócio.
Pedro Norton frisou ainda que os grupos privados fizeram ajustamentos violentissimos. “Temos o dever perante as pessoas que trabalham conosco pedir para que não nos compliquem a vida desnecessariamente”.
O CEO da Impresa falou ainda da questão da RTP. “Estamos perante uma má proposta do contrato de concessão da RTP. Nesta proposta de contrato de concessão a situação agrava-se. Não consigo perceber como a TV pública pode ter 12 canais. A RTP sempre teve um sistema de financiamento dual que é o pior do mundo, que deixa o operador público numa indefinição permanente. Não acredito num serviço público que mimetiza os privados e que vem servir os mesmos públicos do privado”.
O último orador foi Rolando de Oliveira, Vice-Presidente do Conselho de Administração da Controlinveste.
Em relação às novas plataformas digitais, Rolando de Oliveira afirma que o digital transformou o setor e que vai continuar a transformar o setor. “Hoje há maior consumo através de meios digitais e nós temos de acompanhar esta tendência. O cliente poder assistir ao que pretende em qualquer plataforma é essencial”.
Em relação às dificuldades dos setores privados e públicos, o vice-presidente é da opinião de que ambos têm muitos problemas, tanto externos como internos. “Não precisamos de mais dificuldades, os desafios já são muitos”.
Quanto ao papel da ERC, Rolando de Oliveira apontou duras criticas a esta entidade. “A ERC tem feito apenas um trabalho de fiscalização e de cobrança de taxas e não de verdadeira regulação dos media. Não tem ajudado o setor do ponto de vista regulatório e de definição de limites. E o Estado também não tem ajudado”.
Foi com este fórum que se encerrou o primeiro dia do 23º Congresso das Comunicações, em Lisboa.