Trabalho fora de horas contribui com mais de 8,3 triliões de dólares para economia global

Os empresários das Pequenas e Médias Empresas de todo o mundo contribuíram com mais de 8,3 triliões de dólares para a economia global, através de trabalho feito foras das horas normais em prol dos seus negócios, revela um estudo global da Sage. Em Portugal, os empresários não fogem à tendência e pagam o preço desta contribuição ao sacrificarem a vida pessoal e familiar em prol do sucesso do seu negócio.

Esta contribuição tem um preço. Globalmente, quase metade dos empresários trabalha mais de 40 horas por semana. Os empreendedores alemães trabalham arduamente, com 57 por cento a trabalhar mais de 40 horas por semana. Os empresários australianos estão a conseguir um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida privada, com 31 por cento a dizerem que trabalham mais de 40 horas por semana. Em Portugal, os empresários ficam ligeiramente abaixo da média global com 42 por cento a trabalhar além das 40 horas semanais.

O estudo da Sage chama a atenção para os verdadeiros sacrifícios feitos pelos empreendedores em todo o mundo.

Mais de um terço dos entrevistados disse ter sacrificado tempo com a família em prol dos seus negócios. Portugal fica abaixo da média global com 32 por cento a reconhecer que compromete o tempo com a família. Este número é particularmente elevado na África do Sul, onde 44 por cento dos donos de empresas têm escolhido o seu trabalho em detrimento da família. Globalmente, 44 por cento dos empresários diz que a sua dedicação à sua empresa afetou o seu relacionamento.

Talvez como resultado de semanas longas de trabalho, mais de metade dos empresários alemães diz ter cancelado um encontro amoroso por causa do trabalho. Isto é particularmente elevado em comparação com a média global de 27 por cento. Em Portugal, um quarto dos empresários admite que já cancelou um encontro por razões profissionais.

O impacto ao nível das férias gozadas também é visível. Em média, 33 por cento dos inquiridos nos 11 países, gozaram menos de cinco dias de férias no ano anterior. No caso português, esse valor fica- se pelos 26 por cento. Os mais sacrificados são os sul-africanos, com 53 por cento.

Outro aspeto em que a sobrecarga horária dos donos de pequenos e médios negócios é penalizadora é o da inovação. Cerca de um terço diz negligenciar novas ideias de negócio. Os empresários portugueses são dos que mais se queixam, com 36 por cento a dizer não dispor de tempo para desenvolver novas ideias e oportunidades de negócio. Pior que os portugueses só os espanhóis, com 38 por cento.

O desenvolvimento de novas ideias é apontado como a primeira área negligenciada, com o contacto com clientes, formação dos colaboradores e o pagamento das faturas no topo das prioridades. Num pequeno número de países, onde se incluem a Grã-Bretanha e a Alemanha, os empresários disseram preferir gastar tempo em inovação que nas tarefas administrativas da empresa.

Mas a inovação não é a única a sofrer em resultado da escassez de tempo. Mais de um terço dos inquiridos diz que ela se traduziu na perda de clientes e fornecedores. No caso dos empresários portugueses, esse valor sobe aos 43 por cento, nível só ultrapassado por brasileiros e sul-africanos.

Mas os empresários das PME estão abertos a soluções que os ajudem a dedicar mais tempo à inovação. Compreender ou encontrar uma forma mais eficiente de aplicar as horas de trabalho é uma delas, para 28 por cento na média dos empresários questionados e para 31 por cento dos empresários portugueses. Mas a melhoria das competências dos seus colaboradores e dos procedimentos administrativos e tecnológicos ajudaria muito, para 51 por cento de todos os empresários desta amostra.

A pesquisa da Sage destaca o sacrifício humano feito pelos proprietários das PME para alimentar a economia global. Mais da metade dos empresários diz que as horas extras valem a pena. Mais de um terço são motivados pelo gosto pelo que fazem, enquanto que 38 por cento dizem estar motivados pelo atingimento de objetivos. Os empresários sul-africanos são particularmente motivados: 51 por cento dizem que são motivados pela paixão pelo seu negócio e 59 por cento pelo gosto por atingir objetivos. Em Portugal, mais de metade dos portugueses é movido pelo amor ao que fazem. Segue-se a motivação para fazer dinheiro e para impulsionar o crescimento e sucesso do negócio.