Programa MIDCAS apresenta resultados das RPA’s no espaço aéreo civil

O projeto focou-se no desenvolvimento de um sistema que permite a uma RPA ter capacidade para detetar outras aeronaves à sua volta e levar a cabo manobras de evasão de forma autónoma caso haja risco de colisão, sem a intervenção de um piloto.

Este projeto de I&D teve início em 2009 com um orçamento de 50 milhões de euros e com o apoio de cinco países: Suécia, Alemanha, França, Itália e Espanha. Recentemente foram apresentados os resultados finais depois de passar por várias simulações e completadas provas de voo real. Estas provas realizaram-se entre março e abril em Grazzanise (Itália), utilizando como plataforma de testes o UAV Sky-Y.

No âmbito do projeto, a Indra liderou o grupo responsável pela definição do sistema genérico de deteção, a parte responsável por conferir ao sistema MIDCAS consciência situacional. Para além de ter definido este elemento, a empresa participou no desenvolvimento do modelo simulado de radar, sensor que em conjunto com a câmara ótica e infravermelhos, confere a capacidade de deteção de aeronaves que não se identificam ativamente, quer seja por não contarem com os sistemas necessários, quer seja por não estarem ativos ou a falha dos mesmos.

A parte “sensorial” do sistema MIDCAS é completada com os sistemas de identificação cooperativa – o interrogador IFF e o ADS-B – elementos que reconhecem os sinais que outras aeronaves emitem como informação sobre posição, altitude, velocidade, entre outros.

Toda esta informação é por sua vez processada pela parte do sistema MIDCAS responsável pela “evasão”, que calcula as rotas que as aeronaves seguem e decide se existe risco de colisão.

Como apoio ao piloto em terra, a Indra também equipou o sistema MIDCAS com a função de separação (Self-Separation ou Traffic Avoidance). Esta função propõe antecipadamente ao piloto da RPA em terra, manobras que este possa levar a cabo para evitar conflitos com as rotas de outras aeronaves. Caso o piloto da RPA não execute esta manobra, será a aeronave a levá-la a cabo e de forma autónoma na fase de Collision Avoidance.

A Indra foi ainda responsável pelo desenvolvimento do ambiente de simulação em que o sistema MIDCAS foi testado. O simulador permitiu reproduzir situações de risco de colisão com todo o tipo de aeronaves.

Neste ambiente sintético foram realizados milhares de testes, alguns em tempo real e outros de forma acelerada, denominadas de simulações Montecarlo. Estas últimas serviram para analisar centenas de cenários distintos para comprovar que o sistema proporciona níveis de segurança equivalentes aos das aeronaves civis tripuladas.

Num terceiro tipo de análise, o simulador foi conectado com um simulador de Controlo de Tráfego Aéreo (ATC) para comprovar que o sistema MIDCAS pode operar num espaço aéreo real, gerido por controladores aéreos.

Nas provas de voo real, o MIDCAS demonstrou a sua capacidade para completar manobras de evasão perante aeronaves cooperativas e não cooperativas. A evasão de aeronaves não cooperativas representa um importante avanço e situa a indústria europeia na vanguarda no desenvolvimento desta tecnologia.

Como parte do programa, o consórcio MIDCAS apresentou os progressos realizados perante os principais atores do setor aeronáutico e organismos responsáveis pela sua segurança e gestão em todo o mundo.

Catarina Gomes

Colaboradora da B!T, escreve sobre Negócios e TI. Gosta de desafios e, acima de tudo, de aprender. Fã acérrima de ficção científica e fantasia.

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