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iPad, o Magalhães dos Norte-Americanos

Quando iniciámos a pesquisa para este artigo, mal sabíamos nós a que ponto o iPad já estava entranhado na vida académica de muitos estudantes, principalmente nos E.U.A. e no Reino Unido, onde várias escolas e universidades começaram este ano lectivo a oferecer iPads aos alunos. Mas não se pense que isto se deve a uma forma de atrair ou cativar os alunos para determinados cursos. As justificações apresentadas prendem-se com o programa, a necessidade de ter os alunos com determinado grau de prontidão e acesso à informação mais imediato e garantir a sua mobilidade no processo.
 
Até ao momento, informação móvel era sinónimo de smartphone e os já velhinhos pocket pc. Mas, em determinadas áreas da vida académica, tal formato e dimensões não são práticos. Para um curso de medicina, por exemplo, o factor tamanho do ecrã é fundamentar para a visualização correcta de certos documentos, imagens e vídeos.
 
Mas não se pense que apenas as universidades estão a adoptar o iPad. Um exemplo é a Marymount School of New York, uma escola católica para raparigas que, desde o início do ano lectivo, iniciou o programa iPad, em colaboração com a Apple, tornando-se assim um dos maiores estabelecimentos de ensino a levar a cabo uma investigação formal sobre a utilização do iPad como ferramenta educativa. De notar que esta escola adoptou o iPad para ser utilizado por professores e alunas, desde a primária até ao secundário, em todas as aulas e áreas do currículo escolar.
 
A grande vantagem da utilização do iPad como ferramenta educativa é a sua portabilidade e a interface simples e intuitiva. A possibilidade de utilização como ferramenta de estudo e pesquisa, aliada ao desenvolvimento de aplicações específicas para cada área curricular permite abranger todo o espectro da vida académica, incluindo a possibilidade de interligar alunos e professores em tempo real. Em casos específicos, como o acima mencionado de um curso de medicina, já implementado na Universidade de Stanford, o iPad veio trazer notórias vantagens ao método de ensino, como por exemplo, a possibilidade de ter um aluno a efectuar uma autópsia virtual ou assistir a um vídeo de uma intervenção cirúrgica independentemente da sua localização.
Por outro lado, o iPad tem as falhas que lhe conhecem, com problemas de reflexos em ambientes de muita luz ou as dificuldades em escrever no teclado incluído. Neste aspecto, o iPad não é o melhor equipamento para gerar conteúdos, antes pelo contrário. É sim, excelente para consumir conteúdos. E, como vantagem adicional, relativamente a outros equipamentos (portáteis, netbooks, etc.), é a bateria que pode durar até um dia inteiro de aulas com uma carga apenas, levando a questão da mobilidade a novos patamares.
 
Professores
Temos ainda que ponderar o ponto de vista dos educadores. Como é que estes vêem o iPad? Como é que o podem integrar na sua forma de leccionar? Muitos confirmam que a adaptação foi muito rápida, passando quase de imediato a utilizar o iPad para a criação e partilha de testes e trabalhos na própria sala de aula. A utilização do Keynote é uma constante, pela sua flexibilidade e facilidade de utilização (exemplo: tocando num ponto da sua apresentação, um raio laser simulado é mostrado no ecrã). Inclusive, existem já aplicações que permitem levar o iPad a outro nível, permitindo aos professores análises e diagnóstico de problemas de dicção, por exemplo. E, por estranho que pareça, muitos professores gostam do facto de não ser multitasking (dependendo da versão do iOS instalada), pelo facto de forçar os alunos a focarem-se numa tarefa específica.
 
Mas também há aspectos negativos. A maioria dos professores queixam-se de que não conseguem avaliar os testes no próprio iPad, dado que não existe um teclado numérico fixo, havendo a necessidade de estar sempre a mudar de alfanumérico para numérico, à medida que vão corrigindo e atribuindo as classificações.
 
Alunos
Pelo seu lado, os alunos avaliam o iPad como um motivador acima de tudo. A possibilidade de estudar utilizando um gadget é uma vantagem só por si. Mas talvez a maior surpresa, mesmo em alunos com idades compreendidas entre os 6 e os 10 é a facilidade com que, quase de imediato, cumprem as tarefas propostas nas aplicações didácticas sem que seja necessário explicar-lhes como utilizar o iPad. Mesmo sem experiência prévia, a utilização é de tal forma intuitiva que quase se poderia dizer inata.
 
O mais e o menos
Mas analisemos o iPad como equipamento que é. Na educação, quais as vantagens e desvantagens?
 
Comecemos pelos pontos positivos:
 

Liga-se instantaneamente.

É rápido.

A experiência de leitura (em ambientes de iluminação controlada) é excelente.

A autonomia está muito acima que qualquer equipamento similar ou concorrente.

Não é preciso gravar. Se tiver de ir para a home e voltar à aplicação, o que estava a fazer mantém-se.

O crescente mercado de aplicações orientadas para esta área.

A mobilidade. Muito leve, imagine ter os manuais completos de um curso de 5 anos em formato electrónico, bem como todas as suas anotações, testes exercícios.

 
Mas também alguns aspectos negativos:
 

Não tem impressão nativa. Embora existam algumas aplicações que anunciam permitir impressão, nem todas funcionam como deveriam e são pagas, na sua maioria.

Ainda não existem muitos manuais escolares em formato eBook.

São poucos os mecanismos de anotação, dependendo da aplicação que se utilizar. O mesmo se aplica à possibilidade de inserir equações e fórmulas. Só com aplicações específicas nos é permitido efectuar este tipo de edição de conteúdo.

A Apple controla e limita o desenvolvimento de aplicações por terceiros. Só aplicações aprovadas podem ser oficialmente instaladas. Num estabelecimento de ensino o jailbraking não pode sequer ser equacionado.

Teclado. A inserção de conteúdos não é das mais fáceis.

Inexistência de interacção entre iPads, só conseguida com algumas aplicações de IM, VoIP, etc.

Falta de câmara (aguardemos por Abril…)

Não interage com smartboards. Cada vez mais se tem vindo a notar um crescimento da utilização de smartboards (quadros interligados com Pcs, permitindo a interacção com apresentações, etc.)

Dificuldade em transferir ficheiros, documentos.

 
Relativamente a esta listagem, convém realçar que analisámos múltiplas fontes, desde o ensino primário ao universitário e que, nalguns casos, as opiniões formuladas são anteriores às versões mais recentes do iOS. Outros casos haverá em que estas questões provavelmente deixarão de fazer sentido com futuros desenvolvimentos no iOS e no próprio iPad.
 
Conclusão
Embora com as suas limitações, inerentes ao próprio equipamento, a apreciação global que tem sido feita, quer pelos educadores, quer pelos próprios alunos, é muito positiva. Seja a que nível pedagógico for, o iPad veio trazer inúmeras vantagens ao processo educativo, estimulando a comunicação entre alunos e professores, facilitando o acesso a conteúdos e permitindo uma interactividade até agora praticamente inexistente.
 
Com o avançar da tecnologia sabemos desde já que o que tem sido uma experiência depressa passará a uma regra em muitos estabelecimentos de ensino e, a breve trecho, nações. Restará saber se e quando este caminho em direcção ao futuro será também percorrido pelo nosso país que tanto tem advogado em prol do desenvolvimento tecnológico.

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